quarta-feira, 24 de abril de 2013

O TREM ....

PARTIDA

E meu trem partiu.
Foi naquele momento,  exatamente,
que ele partiu.

Tremeu, apitou e, gemendo,
sumiu entre névoa  que ficou na noite,
ao redor de tudo.
Partiu sozinho  como eu,
num trilho infinito,
tremendo, aflito,  já bem longe, deixando
apenas a névoa.
Contornos imprecisos  de uma cor acinzentada,
lentamente se apagando.

Na estação,  dentro da noite,
não ficaram acenos,  nem lágrimas;
talvez uma recordação,
talvez nem isso.
Mas, submisso,  preso ao trilho
de seu destino,
foi que meu trem partiu.
Ninguém viu  nem compreendeu
que ele partia  definitivamente.
Victor Motta

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